Conversa de Café: Robocop 1987/2014

27 fevereiro 2015 Falando de Sem categoria
Vivo ou morto você vem comigo… 
Em 1987 surgiu um filme que tinha como cenário um futuro distópico, e o protagonista era um policial robô. A primeira vista pode parecer um filme de herói, ou de ação, em uma época onde o reinado dos brucutus parecia estar longe do fim. Mas não. Genialmente, o Robocop de 1987 é um filme recheado de críticas sociais, e até mesmo filosóficas, como a robotização do ser humano. Robocop não era um herói, era um conceito. Um sujeito trabalhador comum vítima do sistema, engolido por um mundo dominado pelas grandes corporações. Lógico que não consegui enxergar essa riqueza na época, só fui descobrir sua importância alguns anos mais tarde. Precisei amadurecer para poder desfrutar de todos os simbolismos desse simpático filme. 
donnarita - robocop - wallpaper
Eis que em 2014, Robocop entra novamente em cartaz, agora dirigido pelo incrível Padilha. E FOI……… UMA MERDA FODA! DECEPÇÃO. Gente, eu não sei o que aconteceu com esse nomeado diretor. O cara é foda, fez uns trabalhos excelentes, mas não o senti em nenhum momento durante o filme. Enxerguei um vácuo no lugar onde as críticas sociais deveriam ter sido feitas – esse filme poderia ter sido dirigido por qualquer outro diretor, não faria diferença alguma. Foi tudo muito pasteurizado. Tão pobre nas discussões sociais. Nosso incrível Robocop passou pela indústria cultural e ganhou um formato enlatado, vazio e um robô ninja interpretado por um ator sem carisma nenhum. Isso mesmo, aquele atorzinho é um bosta muito ruim. 
Tudo bem que as sequências não foram lá essas coisas, mas mesmo assim são melhores que esse remake.
O único lampejo da capacidade do Padilha está na forma como retrata a manipulação por parte da mídia através da figura de Samuel L. Jackson. O poder que a mídia exerce sobre a opinião pública. Uma verdadeira cadeia alimentar: as grandes corporações > política > mídia; mídia > opinião publica. E assim está armada essa gigantesca armadilha que é a sociedade onde sobrevivemos.
donnarita - robocop - pago um dólar
Robocop 2014? Não pago um dólar por isso…
Robo policial ou policial robô??? 
Grande parte do brilhantismo de Paul Verhoeven está na humanização do robô. O Robocop foi se humanizando durante o filme até chegar ao ponto em que se reconheceu como um ser humano. Quando perguntado acerca de seu nome no final da película ele simplesmente responde: “My name is Murphy” TARADARADA TARADARADA!!! E sobem as cortinas, maravilha, simples e genial.
Outro brilhantismo do filme de 1987 está quando o Robocop descobre a sua bela estampa pela primeira vez. Seu rosto. É o mesmo princípio do Juiz Dredd. Quando com a máscara a personagem é a representação fascista, fria da lei daquele mundo distópico, uma máquina. Sem a máscara se torna um ser humano. E essa cena ainda traz uma carga de dramaticidade espetacular. Peter Weller deu um show de interpretação ao contrário desse bosta do Joel Kinnaman.
Há toda uma discussão, nas entrelinhas, sobre como a sociedade tem a capacidade de desumanizar, robotizar as pessoas. Isso pode ser exemplificado na forma como Alex Murphy morreu, vítima da extrema violência causada pela própria sociedade – testículos foram sacrificados no filme. Ou seja, a sociedade rouba o que nos torna humanos. Genial… 
E o que o filme do Padilha tem? Quase nada. Repleto de ação, vazio na essência, e com um robô ninja que salta mais que o Mario Bros. Acredito eu que rolou uma “darknightização” do Robocop. Uma vez ou outra aparece uma discussão superficial, sem grande relevância. Não sei se foi a pressão do estúdio ou dos produtores, mas nosso querido Padilha fracassou miseravelmente, levando em consideração os trabalhos que ele fez anteriormente. 
Até quanto vale a pena fazer um remake? 
A verdade é que a missão de Padilha era difícil. Talvez não haja espaço para um filme como o Robocop hoje em dia nesse mundo tão politicamente correto, assim como não houve espaço para o Conan, ou para o Vingador do Futuro. Acredito que não teria como refazer esse filme trazendo a mesma carga ideológica. Ele tinha que mudar, sofrer uma adequação, uma releitura. Para isso foram feitas escolhas, e infelizmente, escolhas erradas. São poucos os remakes que deram certo. É sempre um risco ter de lidar com obras tão significativas.
Bom, se você concorda ou não deixe suas opiniões aqui nos comentários, lembre-se que elas são sempre bem vindas. Esse foi mais um post do Sr.Marido que escreveu e saiu correndo: I have to go…
donnarita - robocop - i have to go

1 Comentário

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